Criatividade no ensino
Projeto traz alunos da rede pública de ensino para atividades práticas em laboratório da UFG
Angélica Queiroz e Renato Rodrigues
Momentos para aprender usando a criatividade. Assim são as edições do Espaço Maker de Experimentação em Climatologia, projeto de pesquisa desenvolvido pelo Instituto de Estudos Sócioambientais (Iesa). A ideia é estimular o conhecimento utilizando materiais simples para abordar de forma prática temas como a temperatura, a umidade do ar, a pressão e as perturbações atmosféricas.
A coordenadora do projeto, professora Juliana Ramalho Barros, explica que a proposta de criar o Espaço Maker surgiu no ano de 2011 ao perceber que havia uma dificuldade de muitos professores em ensinar assuntos relacionados ao clima em sala de aula. As atividades são monitoradas por seis alunos da graduação que atuam como bolsistas (Prolicen e voluntários) do projeto e orientam os estudantes das escolas da rede pública de ensino em suas atividades práticas no laboratório.
O objetivo principal do Espaço Maker, segundo Juliana Ramalho, é tratar o aprendizado de uma forma mais prática e mostrar que o conhecimento faz parte do dia a dia das pessoas e dos alunos. “Buscamos implantar o processo de aprendizado de uma forma mais agradável, mais prazerosa”, explica. A professora lembra que o projeto também amplia a formação dos futuros professores de Geografia que atuarão nos ensinos fundamental e médio.
Juliana Ramalho avalia que a iniciativa é positiva para monitores e estudantes. “Além de aumentar o gosto do aluno pela ciência, também conseguimos aproximar esses alunos da universidade”. A pesquisadora prevê que o projeto seja ampliado por meio de parcerias com outras unidades acadêmicas e centros de pesquisa. “O Planetário UFG será nosso parceiro e vamos buscar outras formas de agregar ao projeto mais conhecimentos nas áreas de tecnologia da informação, eletrônica, física e até mesmo robótica”, estima.
A iniciativa faz parte de uma rede voltada para aprendizagem criativa, a Makers Educa, composta por educadores de diversas regiões do Brasil, sendo o projeto do Iesa, o único da região Centro-Oeste. Por causa da rede, o projeto conta também com a parceria com o Laboratório de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Mídias Interativas (Media Lab/UFG) e o Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos EUA. Periodicamente são realizados encontros da rede em São Paulo. “Nessas ocasiões, procuro levar algum dos bolsistas do projeto, para que eles possam ficar mais integrados e que sejam, de fato, multiplicadores dessa forma de mediar a aprendizagem, mesmo quando não estiverem mais na UFG”, relata Juliana Ramalho.
Iniciativa estimula gosto pela ciência e aproxima alunos da rede pública da Universidade
Incentivo à criatividade
Para Paulo Vitor Ferreira de Melo, professor de Geografia no Colégio Estadual Senador Onofre Quinan, que já acompanhou alunos em atividade no Espaço Maker, o envolvimento dos estudantes com o projeto reflete no aprendizado em sala de aula. “Aqui eles aprendem o conteúdo de uma forma prática, no sentido real e também são incentivados a usar a criatividade. Os alunos começaram a ter mais curiosidade, interesse e a perguntar mais. Este espaço criou isso neles”, comemora.
O graduando em Geografia na UFG, Lucas Camilo, que é bolsista do Programa de Educação Tutorial (PET-GEO) e trabalha como voluntário no projeto, acredita que o Espaço Maker tem a capacidade de tornar o conteúdo significativo para os alunos. “Passar o conteúdo para os alunos é uma dificuldade dos professores, pois nem sempre o conteúdo ganha sentido para o aluno”, observa o monitor, que reitera que a oportunidade de fazer com as próprias mãos proporciona significado e internalização do assunto nos alunos.
Orientado por Lucas Camilo, o estudante do 1º ano do Ensino Médio do Colégio Onofre Quinan, Mário João Araújo Faustino, desenvolveu um simulador de tornados. “Utilizei um disco rígido de computador que tem um ímã e coloquei um outro ímã dentro de um recipiente plástico cheio de água para gerar a rotação”, explica o estudante. Com o movimento da água, o aluno demonstrou como são os efeitos dos tornados, formando um forte redemoinho. “Ele mesmo pesquisou o assunto em casa e trouxe essa novidade para mostrar aos colegas”, elogiou Lucas Camilo.
Próximos passos
Segundo Juliana Ramalho, já estão sendo agendadas reuniões com as secretarias municipal e estadual de educação para realizar um levantamento das escolas interessadas em participarem das ações. “A fase atual é prevista para terminar em dezembro de 2016, mas já temos um novo projeto escrito e concorrendo ao Edital Universal do CNPq, com previsão de ir até o final de 2019”, detalha a professora.
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